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O que é Saúde 5.0 e por que é importante entender esse conceito

O advento de alguns recentes avanços da tecnologia tem impulsionado a indústria da saúde rumo a uma verdadeira transformação. 

A chegada da internet 5G, o uso cada vez mais frequente de dispositivos conectados (Internet das Coisas) e também os progressos da Inteligência Artificial estão entre as principais molas propulsoras desse movimento. 

Saúde 5.0 é um novo paradigma, em que o paciente ocupa uma posição para além centro da atenção e do cuidado. Agora não mais como paciente, mas como cliente de todo o sistema de saúde, ele passa a ser responsável por sua própria jornada, auxiliado pela tecnologia, que passa a ter o papel de viabilizar, organizar e garantir a qualidade da assistência.

Em paralelo, um novo padrão parece estar se consolidando no mundo: empresas e empresários, alguns dos maiores expoentes da indústria de tecnologia, têm dedicado atenção crescente a questões relativas à saúde e ao bem estar da humanidade. 

As novas funcionalidades de saúde do Apple Watch, o foco em inovação nos processos de diagnóstico e tratamento hospitalares, apresentado pela iniciativa DeepMind do Google, e até mesmo os já conhecidos projetos e ações da Bill and Melinda Gates Foundation no campo da saúde pública são exemplos dessa tendência.

Segundo uma percepção cada vez mais disseminada, esse futuro já chegou: a indústria da saúde já está sendo completamente transformada pela tecnologia. 

Uma breve perspectiva histórica

A indústria da saúde, como a conhecemos, surgiu no século XIX, impulsionada por progressos na pesquisa médica, na nutrição e na saúde pública. Esses avanços viabilizaram um aumento na qualidade e na expectativa de vida. Surgem os primeiros ambulatórios. É a fase chamada de Saúde 1.0.

Na etapa seguinte, surgem os primeiros hospitais – consequência da percepção da importância de integrar a cadeia de cuidados para melhorar a entrega de valor ao paciente. A Saúde 2.0 é marcada pela criação desses ecossistemas organizados de assistência, que assumiram função central no cuidado.

Então surgiu a necessidade de controlar custos, ganhar produtividade e aumentar a eficiência. A Saúde 3.0 presenciou as primeiras experiências de automatização – de processos periféricos de cuidado, é verdade. Mas os ganhos de eficiência e produtividade que aconteceram por consequência tornaram possível o acesso de muito mais pessoas aos serviços de saúde. 

À medida que a tecnologia avançava e apresentava novas possibilidades, a Saúde 4.0 procurava ir além da mera automatização. A digitalização trazia mudanças fundamentais – a tecnologia podia agora ser a parte mais importante da proposta de valor. Por exemplo, um aplicativo (e não um medicamento ou terapia) poderia ser prescrito como parte de um tratamento médico.

O que vemos agora, porém, não tem precedentes. As pessoas não são mais pacientes a serem tratados. São clientes, num relacionamento de parceria, focado na saúde e no bem estar. Na Saúde 5.0, essa relação é projetada para durar por muitos anos, os tratamentos serão exceção e a jornada será inteiramente adaptada ao estilo de vida e às necessidades do cliente.

Por que agora

A expressão Internet das Coisas foi cunhada há mais de 20 anos. Seu autor, Kevin Ashton, um engenheiro do MIT, já pensava num futuro repleto de objetos dotados de inteligência artificial e da capacidade de compartilhar informações entre si, numa grande rede.

A conexão necessária para assegurar o compartilhamento dessas informações teve uma evolução mais lenta. As conexões sem fio começaram com o 2G – quando os celulares (então chamados smartphones) passaram a enviar e receber e-mails e mensagens de texto sem o auxílio de computadores. Com o advento do 3G, além do texto, foi possível comunicar-se também por meio de fotos e vídeos. Mas foi apenas com a conexão 4G que volumes maiores de dados puderam transitar dos dispositivos e para eles (upload e download, respectivamente). 

A conexão 5G, por outro lado, inaugura um novo capítulo na comunicação de dados. Carros autônomos, drones inteligentes e smart cities são apenas algumas das aplicações possíveis. 
Na Saúde 5.0, a combinação de Internet das Coisas, Inteligência Artificial e uma rede disponível, confiável segura e de baixíssima latência tem demonstrado grande potencial. Dispositivos vestíveis inteligentes (wearables), com sensores de alta eficiência podem ajudar a coletar dados, realizar monitoramento e diagnosticar, com base nas informações coletadas. 

Por exemplo, o periódico médico Annals of Internal Medicine publicou em 2018 um estudo em que um cardiologista espanhol obtinha resultados satisfatórios em pacientes, comparando um eletrocardiograma convencional com aquele obtido com um Apple Watch associado a um aplicativo para iPhone. 

O que o futuro reserva

A transição que se desenha com a Saúde 5.0 pressupõe uma série de mudanças importantes no modelo de cuidados:

  • De gerenciamento do relacionamento com o cliente para relacionamento gerenciado pelo cliente;
  • De assistência centrada na saúde do paciente para serviços de bem estar focados no cliente;
  • De tratar doenças para acompanhar jornadas de saúde.

Essa mudança de modelo dará origem a um novo conceito de bem-estar digital o esforço para melhorar, manter ou recuperar o bem-estar físico, mental e emocional, por meio de tecnologias digitais, disponibilizadas em escala global, em vez de indivíduos trabalhando diretamente com pacientes. 

É claro que esta revolução terá consequências para além do paradigma atual de cuidado com a saúde. A qualidade e a disponibilidade do cuidado, e até mesmo os seus modelos de financiamento também serão transformados.
Uma nova visão da cadeia de valor na saúde, priorizando novos pontos de contato, como comunidades de pacientes, onde pacientes podem se informar a respeito de sua condição, como também compartilhar experiências. 

Novas aplicações de tecnologias já disponíveis serão vistas com maior frequência na saúde. Por exemplo, a capacidade de predizer comportamentos de compra com base em análise de dados e machine learning poderá ser adaptada à predição de condições de saúde, com base em análise de hábitos e de sinais vitais. 

Muitos serviços poderão vir a ser até mesmo gratuitos, como hoje são serviços de e-mail ou videoconferência, na esteira do desenvolvimento de novos modelos de negócio, em que o objetivo seja manter as pessoas sãs e produtivas.

De fato, um mundo de possibilidades está diante de nós.

A mudança já começou, e aparentemente é para melhor.

Bem vindo à era da Saúde 5.0!

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